Titchener: Brentano e Wundt: Psicologia Empírica e Experimental (1921)

Publicado originalmente no American Journal of Psychology, 32, 108-120. Uma versão no original em inglês encontra-se disponível no site Classics in the History of Psychology, organizado por Christopher Green (York University, Toronto, Ontario), no link.

Franz Brentano começou sua carreira como teólogo católico. Em 1867, publicou um esboço da história da filosofia no âmbito da igreja medieval, em que expõe, tão clara e agudamente quanto no ensaio de trinta anos depois, a sua famosa doutrina [p. 109] das quatro fases [3]. Tanto inicial quanto posteriormente, entretanto, o seu interesse intelectual se centrou na filosofia de Aristóteles. Brentano chegou à Psicologia através de um estudo intensivo do De Anima, e fez do método Aristotélico o seu padrão de procedimento científico. Infelizmente, temos apenas o primeiro volume de sua Psychologie: Brentano parece ter preferido a palavra falada à palavra escrita: mas este volume, como tudo o mais que ele entregou para impressão, é completo em si mesmo, a expressão final de seu pensamento maduro.

Wilhelm Wundt começou como fisiologista, interessado no especial fenômeno do nervo e do músculo. Em 1862, buscou estabelecer os fundamentos de uma “psicologia experimental” (a expressão aparece então impressa pela primeira vez) [4] numa teoria da sensopercepção. Aqui, Wundt incorreu num erro ao qual é suscetível todo estudante da ciência natural que muda para as coisas da mente sem a devida preparação: a saber, o erro de supor que a psicologia não é mais do que uma lógica aplicada. E o erro foi repetido num trabalho popular sobre psicologia humana e psicologia animal, que se seguiu ao volume técnico. Em 1874, ele tinha descartado, definitivamente, esta visão inicial de concepção da psicologia como uma ciência independente. Ele ainda sustentava, entretanto, que o caminho da psicologia como ciência independente passava pela anatomia e pela fisiologia do sistema nervoso.

Em breve esboço, tais foram as condições em que as duas psicologias adquiriram sua forma e substância. De um lado, vemos um homem que devotou suas horas de reflexão solitária à filosofia antiga e à filosofia medieval; por outro lado, vemos um homem que forjou no laboratório as suas contribuições para a mais recente das ciências experimentais.

TITCHENER, Edward Bradford. Brentano e Wundt: Psicologia Empírica e Experimental. Rev. abordagem gestalt. [online]. 2010, vol.16, n.1  ISSN 1809-6867.

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- Wittgenstein

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