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Sujeito antropológico e metafísica do amor em Binswanger et l’Analyse Existentielle

 Miotto, M. Sujeito antropológico e metafísica do amor em Binswanger et l’Analyse Existentielle. Revista Ideação, n. 44, vol. I, p. 107-140, 2021. [link Philpapers] [link Ideação]


Resumo

O presente trabalho enfoca as relações entre antropologia e verdade nos escritos de Foucault dos anos 1950, tendo sob alvo o lançamento recente do escrito até então inédito intitulado Binswanger et l’Analyse Existentielle. Para isso, num primeiro momento o texto contextualiza essa publicação à luz do depósito, em 2013, de novos materiais de Michel Foucault na Biblioteca Nacional da França. Depois, ele passa à análise dos textos dos anos 1950 e insere o novo texto nos demais debates. Finalmente, o artigo enfoca a questão antropológica em três eixos: as relações antropologia x psicopatologia, o lugar da fenomenologia na argumentação de Foucault e os limites das considerações de Binswanger e da Daseinsanalyse.


Abstract

The present work focuses on the relationship between truth and anthropology in the Foucault’s first writings from the 1950s, targeting the recent release of the (until now) unpublished writing “Binswanger et l’Analyse Existentielle”. To shed some light on such relationship, firstly the article contextualizes the new book under the recent deposit of several foucauldian writings at Bibliothèque Nationale de France, at last since 2013. Secondly, it contextualizes the place of the new book under the published texts from the 1950s. Finally, the article analyses the book considering the anthropological problem under three main issues: the relationship between anthropology and psychopathology, the place of phenomenology in Foucault’s argumentation, and the limits of the Daseinsanalyse and Ludwig Binswanger’s theorisations.

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Gustav Fechner e a alma do mundo

 Miotto, M. L. (2021). Gustav Fechner e a alma do mundo. Revista Helius, 3(2, fasc. 2), 852-906. Recuperado de /https://helius.uvanet.br/index.php/helius/article/view/208

Resumo: 

O presente trabalho pretende delinear a noção de Panpsiquismo no projeto filosófico de Gustav Theodor Fechner, especialmente a partir da análise do livro Über die Seelenfrage, de 1861. Para isso, o artigo repõe em linhas gerais a questão das relações entre seu projeto filosófico e a Psicofísica, uma vez que as interpretações clássicas sobre Fechner geralmente enxergam essas duas competências como separadas. Em segundo lugar, o artigo situa questões históricas sobre Fechner e a Psicologia (e sobre filosofia e ciência), bem como a importância da Naturphilosophie em seu projeto. Finalmente, passa-se à análise dos argumentos de Fechner em defesa do Panpsiquismo e analisam-se novamente as relações entre essa visão e a Psicofísica.

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Histórias das ciências e os “fundamentos históricos” da Psicologia

O presente texto põe algumas questões referentes à “história” dos fundamentos da Psicologia entre os séculos XIX e XX, mostrando como ocorrem ainda, em História da Psicologia, certos fatores controversos, muitos deles tributários de postulados filosóficos do século XIX, especialmente em torno do positivismo. O artigo concentra-se em mostrar, preliminarmente, de que forma a ruptura da Filosofia Natural e a ascensão da figura do “cientista” no século XIX ensejaram novos motivos de análise, dentre eles certo cientificismo que se impôs inclusive como chave de interpretação histórica. Após uma exposição inicial do problema – chamando a atenção também às consequências institucionais, da formação à profissão –, o artigo faz três breves estudos de caso – em torno de Fechner, Helmholtz e Wundt – e termina por defender perspectivas que abram a História da Psicologia a histórias mais alargadas, tais como a História da Filosofia e as Histórias das Ciências.
Miotto, M. Histórias das ciências e os “fundamentos históricos” da Psicologia. Temporalidades 10 (1):129-158 (2018)

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Voltaire: "Loucura" (Dicionário Filosófico, 1764)



Não se trata de reeditar o livro de Erasmo, que na atualidade não seria mais do que um lugar comum bastante insípido.

Chamamos loucura a essas doenças dos órgãos do cérebro que impedem um homem de pensar e de agir como os outros. Não podendo gerir seus bens, é, interdito; não podendo ter ideias de acordo com a sociedade, é excluído, se for nocivo, é enclausurado; se for furioso, trancafiam-no.

É importante observar que esse homem, entretanto, não carece de ideias; ele as tem como todos os outros enquanto acordado e, frequentemente, enquanto dorme. Poder-se-á perguntar como sua alma espiritual, imortal, alojada em seu cérebro, recebendo todas as ideias por meio dos sentidos coordenados e divididos, não possa concluir um julgamento são. Ela vê os objetos como os viam na alma de Aristóteles e de Platão, de Locke e de Newton; ouve os mesmos sons, tem o mesmo sentido do tato: por que motivo, pois, recebendo percepções que os mais sábios experimentam, compõe um conjunto inevitavelmente extravagante?

Se essa substância simples e eterna possui para as suas ações os mesmos instrumentos das almas dos cérebros mais sábios, deve raciocinar como eles. Que o impediria? Claro que se um maluco vê vermelho e os sábios azul; se quando os sábios ouvem uma música o louco ouve o zurrar de um asno; se quando eles estão no sermão o louco julga estar na comédia; se quando eles ouvem sim ele entende não, então sua alma deve pensar ao contrário das outras. Mas o louco tem as mesmas percepções que eles; não há nenhuma razão aparente pela qual sua alma, tendo recebido mediante os sentidos todos os seus utensílios, não os possa usar. Ela é pura, dizemos; não está sujeita por si mesma a nenhuma enfermidade; ei-la provida de todos os recursos necessários; passe o que se passar em seu corpo, nada poderá mudar a sua essência; contudo, ei-la encerrada num manicômio.

Essa reflexão pode fazer supor que a faculdade de pensar, doada por Deus ao homem, esteja sujeita a desarranjos como os outros sentidos. Um louco é um doente cujo cérebro sofre, como o gotoso é um doente que sofre dos pés e das mãos; ele pensa com o cérebro, assim como anda com os pés, sem nada conhecer nem do seu poder incomparável de andar, nem do seu não menos incompreensível poder de pensar. Sofre-se a gota no cérebro como nos pés. Enfim, após mil reflexões, é preciso convir em que somente a fé, talvez, possa convencer-nos de que uma substância simples e imaterial seja passível de doença.

Os doutos ou os doutores dirão ao louco: “Meu amigo, não obstante teres perdido o senso comum, tua alma é tão espiritual, tão pura, tão imoral como a nossa; porém nossa alma está bem alojada e a tua o está mal; as janelas da casa estão fechadas para ela; falta-lhe ar, ela sufoca”. O maluco, em seus bons momentos, lhes responderia: “Meus amigos, pensais à vossa moda, o que é discutível. Minhas janelas estão tão abertas como as vossas, porquanto eu vejo os mesmos objetos e ouço as mesmas palavras: é, pois, necessário que, ou minha alma empregue mal os seus sentidos, ou seja, ela própria um sentido viciado, uma qualidade depravada. Numa palavra, ou minha alma é louca por sua própria conta ou eu não tenho alma”.

Um dos doutores poderá responder: “Meu irmão, Deus criou, é possível, almas loucas, assim como criou almas sábias”. O louco replicará: “Se eu fosse acreditar no que me dizeis, seria ainda mais louco do que já sou. Por obséquio, vós que sabeis tanto, dizei-me, por que sou louco? ”. Se os doutores tiverem ainda um pouco de bom senso lhe responderão: “Ignoro-o absolutamente”. Eles não compreenderão por que um cérebro tem ideias incoerentes; não compreenderão melhor por que outro cérebro tem ideias regulares e coerentes. Julgar-se-ão sábios, e serão tão loucos como ele.

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Para uma História da Psicologia

Os textos abaixo, de Paul Mengal, são de 1988 e 1994. Mas eles mostram algo pouco recebido pela crítica até hoje: certo esquecimento das bases históricas da Psicologia pelos próprios psicólogos. Se, por exemplo, um Físico não pode ignorar o nascimento da física moderna a partir de figuras como Copérnico e Galileu, ou da criação de instrumentos como o telescópio (isto é: o físico foi obrigado a reconhecer, para a constituição da física moderna, alguns critérios, mesmo que inexatos), em História da Psicologia a disciplina perdeu-se numa série de ilusões retrospectivas. 
 
Quando retorna ao passado para enxergar o presente, muitas vezes o Psi encontra espécies de interrogações destituídas de interesse para uma história da Psicologia, senão sob caricaturas retrospectivas. Assim, por exemplo, Platão, Aristóteles ou Descartes teriam teorias que seriam uma espécie de "museu do ultrapassado": falam sobre a mente ou alma, mas sob motivos, no fundo, ultrapassados e irrelevantes. Seriam, no fundo, "figuras importantes sem importância". 
 
E quando olha do presente para o passado, o Psi prende-se em juízos retrospectivos ligados a compromissos que permanecem inconfessos, mas que direcionam previamente todo julgamento sobre a História. 
 
Isso começou ao menos com Hermann Ebbinghaus, na virada do século XX, quando disse que a Psicologia tem um "longo passado, mas uma curta história".
Ebbinghaus queria usar seu positivismo como ponto arquimediano sobre o qual giraria a História da Psicologia inteira. Seus motivos foram popularizados por historiadores como Edwin G. Boring (em torno de 1929), e depois difundidos numa imensa cultura de manuais de Psicologia. 

Muitos criticaram o "positivismo" de Ebbinghaus, mas o enfoque internalista, retrospectivo e presentista em história, consolidado por ele, permaneceu.

Muita Psicologia ainda se acha capaz de julgar a História a partir dos critérios internos que adota. Assim, pode-se acusar o anti-cientificismo usando um critério cientificista; pode-se também utilizar outros termos de base, tais como "autenticidade", "singularidade", "esfera concreta" ou "social" ou qualquer outro para girar sob si o eixo da História e fazer cair como falsa qualquer outra Psicologia.

Sob tais procedimentos, uma história que tenta demonstrar como determinados conceitos e protocolos se tornaram possíveis para compor o presente, ficou na penumbra.

É um pouco esse o esforço de Mengal, dentre outros historiadores: perguntando sobre como a Psicologia se tornou possível, ao invés de (por assim dizer) já lançar sobre a história juízos presentistas e retrospectivos, ele encontrou uma série de autores e questões pouco considerados, mas que dizem respeito à criação do termo "Psicologia" no século XVI e seu destino e implicações.

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O Holocausto Brasileiro - Documentário


Bela referência do Farofa Filosófica sobre documentário feito a partir do livro de Daniela Arbex, sobre a Colônia de Barbacena.

Em 80 anos de internamento na Colônia, a média anual  de mortes era de 750 pessoas (!). Tempos de internamento psiquiátrico e medicalização sem escrúpulos que sempre insistem em voltar.

O Farofa também tem outros links bastante ricos.

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Bento Prado Jr.: De volta ao século XIX (2004)

Quando me propus tal tema, para esta conferência, tinha em mente  um dos paradoxos de nossa contemporaneidade – o que há de fortemente regressivo  nos processos desencadeados pelas novas tecnologias e pela nova economia – apenas no campo da filosofia. Cogitava exclusivamente na volumosa produção das chamadas cognitive sciences e pensava apontar como, em algumas de suas manifestações, tal literatura nos devolve à atmosfera do naturalismo de meados do século XIX, que exigiu vários “retornos a Kant”, bem como os esforços simultâneos de Bergson, de Husserl e de toda a linha da filosofia analítica. 
 
O paradoxo seria o seguinte: tudo se passa como se boa parte dos pensadores contemporâneos ignorassem todas as grandes obras do século XX. Hoje, muitos não se escandalizariam, apenas “modernizariam” a frase de Büchner, há 150 anos atrás, segundo a qual o cérebro seria uma espécie de “glândula” e o pensamento, sua “secreção”. Há poucos meses atrás, o recém-falecido e grande cientista Francis Crick (Prêmio Nobel e descobridor do DNA) anunciava triunfalmente ter descoberto a “célula” da alma, que punha por terra, definitivamente, com a autoridade da ciência positiva, uma visão religiosa do mundo e suas implicações como a imaterialidade e a imortalidade da alma. Como se as idéias de subjetividade, consciência e significação remetessem automaticamente ao espiritualismo e como se o monismo reducionista não fosse auto-contraditório.
 
Retornando há algumas décadas antes de Büchner, poderíamos lembrar a frase de Hegel contra a Frenologia de Gall, quando afirmava que “A razão não é um osso”. Hegel, é claro, é um filósofo idealista, mas sua frase poderia ser endossada por Husserl e Russell, pelos empiristas lógicos, sem pensar, é claro, nos neo-kantianos, isto é, por toda a filosofia significativa do século XX. Numa palavra, como procuraremos sugerir, o monismo reducionista elimina as idéias de significação e de verdade (laboriosamente montadas por Platão e Aristóteles em seu combate contra a sofística), deixando de lado a evidente circularidade da expressão cognitive sciences, ou ciências dos processos cognitivos ou, no limite, ciência do conhecimento científico. Embora, é claro, como veremos, essa disciplina pertença antes ao domínio da especulação filosófica e de apostas sobre os resultados futuros (ainda desconhecidos) da própria ciência. Uma ciência ou uma nova versão de uma antiga concepção materialista-metafísica, incontrolável cientificamente?

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Wilhelm Wundt: Esboços de Psicologia - Introdução (1896)

Em 1896, Wundt publica Grundriss der Psychologie. As circunstâncias dessa publicação são até hoje controversas, pois algum tempo antes Oswald Külpe havia publicado um livro de mesmo título que havia desapontado Wundt, até então considerado seu "mestre".

Para Wundt, Külpe era um verdadeiro "braço direito". Mas as novidades da física, trazidas por figuras como Ernst Mach, tiveram grande impacto em Külpe e diversos outros autores, como Ebbinghaus e Titchener.

Dentre os fatores que tornaram esse texto possível, figuram então uma resposta a Külpe e a exposição do projeto de Wundt pelo próprio Wundt.

A tradução brasileira, nesse sentido, preenche uma lacuna existente por aqui há várias décadas: a ausência de qualquer coisa sobre Wundt.

Essa tradução é da versão em inglês. Traz, então, os mesmos problemas que aquela. Por exemplo, o tradutor perdeu de vista que "ciências da mente" - mind sciences - provém de "ciências do espírito" (geisteswissenschaften), o que liga Wundt a todo o debate alemão sobre a divisão metodológica das ciências e a "querela dos métodos" (Metodenstreit) da época.

Mas, salvo os problemas, é um texto pioneiro para o contexto brasileiro, carente de textos originais e de conhecer história da Psicologia.

Links para o DOI, gratuito no Scielo.

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Lorem Ipsum

"All testing, all confirmation and disconfirmation of a hypothesis takes place already within a system. And this system is not a more or less arbitrary and doubtful point of departure for all our arguments; no it belongs to the essence of what we call an argument. The system is not so much the point of departure, as the element in which our arguments have their life."
- Wittgenstein

Lorem Ipsum

"Le poète ne retient pas ce qu’il découvre ; l’ayant transcrit, le perd bientôt. En cela réside sa nouveauté, son infini et son péril"

René Char, La Bibliothèque est en feu (1956)


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