Propósitos e Propostas para a História das Ciências

A revista Temporalidades acabou de lançar uma coletânea com o título deste post. 

Há vários textos ali, sobre saneamento, medicina, saúde, educação, história natural e psicologia.

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Titchener: Brentano e Wundt: Psicologia Empírica e Experimental (1921)

Publicado originalmente no American Journal of Psychology, 32, 108-120. Uma versão no original em inglês encontra-se disponível no site Classics in the History of Psychology, organizado por Christopher Green (York University, Toronto, Ontario), no link.

Franz Brentano começou sua carreira como teólogo católico. Em 1867, publicou um esboço da história da filosofia no âmbito da igreja medieval, em que expõe, tão clara e agudamente quanto no ensaio de trinta anos depois, a sua famosa doutrina [p. 109] das quatro fases [3]. Tanto inicial quanto posteriormente, entretanto, o seu interesse intelectual se centrou na filosofia de Aristóteles. Brentano chegou à Psicologia através de um estudo intensivo do De Anima, e fez do método Aristotélico o seu padrão de procedimento científico. Infelizmente, temos apenas o primeiro volume de sua Psychologie: Brentano parece ter preferido a palavra falada à palavra escrita: mas este volume, como tudo o mais que ele entregou para impressão, é completo em si mesmo, a expressão final de seu pensamento maduro.

Wilhelm Wundt começou como fisiologista, interessado no especial fenômeno do nervo e do músculo. Em 1862, buscou estabelecer os fundamentos de uma “psicologia experimental” (a expressão aparece então impressa pela primeira vez) [4] numa teoria da sensopercepção. Aqui, Wundt incorreu num erro ao qual é suscetível todo estudante da ciência natural que muda para as coisas da mente sem a devida preparação: a saber, o erro de supor que a psicologia não é mais do que uma lógica aplicada. E o erro foi repetido num trabalho popular sobre psicologia humana e psicologia animal, que se seguiu ao volume técnico. Em 1874, ele tinha descartado, definitivamente, esta visão inicial de concepção da psicologia como uma ciência independente. Ele ainda sustentava, entretanto, que o caminho da psicologia como ciência independente passava pela anatomia e pela fisiologia do sistema nervoso.

Em breve esboço, tais foram as condições em que as duas psicologias adquiriram sua forma e substância. De um lado, vemos um homem que devotou suas horas de reflexão solitária à filosofia antiga e à filosofia medieval; por outro lado, vemos um homem que forjou no laboratório as suas contribuições para a mais recente das ciências experimentais.

TITCHENER, Edward Bradford. Brentano e Wundt: Psicologia Empírica e Experimental. Rev. abordagem gestalt. [online]. 2010, vol.16, n.1  ISSN 1809-6867.

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Uma "história filosófica" da Psicologia

Em 2017 Saulo Araujo publicou Toward a philosophical history of psychology: An alternative path for the future, artigo que parece ter ocasionado certo burburinho nos meios anglófonos, bem como uma resposta de Araujo a eles. 

O que parece saltar aos olhos, disso tudo, é o conjunto de malentendidos e de interpretações enviesadas que esse tipo de debate ocasiona. 

A primeira coisa que me espanta é a "história da Psicologia", especialmente americana (e a brasileira a imita bastante), ter desenvolvido uma espécie de agenda institucional de história como se funcionasse independentemente das demais discussões em história e filosofia da ciência.

Um breve exemplo: em física é possível ser físico, e também se pode fazer história da física. As duas ocupações são bastante independentes a ponto de um físico pouco incomodar-se com sua própria história, ou ainda, pouco incomodar-se com qualquer outro tipo de historiador (vindo da História, da Filosofia, da Sociologia...) que se ocupe com seus assuntos, inclusive de forma por assim dizer "não-física", exterior ao métier do físico. 

Aliás, é incrível, por exemplo, ver um conjunto imenso de questões teóricas ser relegado a assuntos tais como "física teórica", que não obstante faz parte da física tout-court. Assuntos eminentemente filosóficos, como a "teoria das cordas", não chegam a ser chamados de "filosofia". 

Em resumo: vê-se entre os físicos inclusive certo despeito (inclusive no mal sentido) para com o que a história ou outras áreas podem fazer ou contribuir para com a física. E inversamente, vê-se trabalhos muito ricos de história da física feitos por filósofos e outros "não-físicos".

Em Psicologia parece diferente: quase todo historiador da Psicologia é psicólogo, formado entre psicólogos e estudando história da Psicologia em departamentos de psicologia. Mesmo que em Psicologia exista abertura para ver outras áreas e adequá-las em assuntos psicológicos, parece que há uma espécie de "agenda interna" que sempre subsume qualquer assunto em história da Psicologia para dentro dos muros institucionais dos psicólogos. Alguém se torna "historiador da Psicologia" estudando, via de regra, entre psicólogos.

Disso, parece-me notável o quanto o trabalho de Araujo tem ao mesmo tempo aberto portas e fornecido fatores que parecem pouco compreendidos por muitos psicólogos. 

É o caso de sua "história filosófica" da Psicologia. Ele argumenta no texto que, desde os anos 1960, houve uma grande institucionalização em história da psicologia, acompanhada de historiografias inspiradas em outras historiografias críticas e de "social turn". Dentre os exemplares ele cita estudos como o de Thomas Kuhn, que temporalizaram e, por assim dizer, "sociologizaram" os estudos em ciência. 

Diante disso, Araujo propõe com sua "história filosófica" algo que deveria parecer absolutamente trivial, mas incrivelmente não parece: estudar a história de uma ciência não retira de questão estudar o modo essencialmente polêmico com o qual uma ciência se relaciona com seu presente e com o seu passado, tornando-a polêmica em sua própria existência, e transmutando o presente em "atualidade", como diriam Bachelard e outros. É estudar como ela constrói sua arquitetura com base em seus conceitos e como esses conceitos "secretam" (para usar uma palavra de Canguilhem) uma história própria, que precisa ser compreendida na ligação desses conceitos com outros conceitos (filosóficos e científicos) e com uma imensa rede de outros fatores, por assim dizer, "não conceituais". 

Em suma: uma "história filosófica" não descarta o fato de que conceitos são formulados em agendas extra-científicas, mas não reduz a formação dos conceitos a aspectos positivistas e "internalistas"; e por outro lado, assume que cada ciência possui um conjunto de historicidades próprias das quais, se elas encontram suas condições de possibilidade também em outros fatores extra-científicos (por exemplo, sociológicos), isso não significa que toda ciência se reduza a esses condicionantes exteriores. Em suma: análise conceitual ligada a uma "história filosófica", sem recair nos ditos "internalismos" e "externalismos". 

O próprio Canguilhem, a esse respeito, dizia, em L'Objet de l'histoire des sciences, que 
A história das ciências não é uma ciência e seu objeto não é um objeto científico. Fazer, no sentido mais operativo do termo, uma hsitória das ciências, é uma das funções, e não a mais fácil, da epistemologia filosófica.
Parece-me surpreendente o quanto esse tipo de consideração, tão antiga, é tão pouco lida. Mas é precisamente por esse caminho que Araujo anda, caminho que não parece bem entendido por muita gente.

E caminho que também é trilhado por historiadores da filosofia, ou mesmo por quem quer tomar a história da psicologia como assunto de história da filosofia e das ciências.

Ele diz, por exemplo, que uma "história filosófica da psicologia" envolve um aspecto "crítico" (pois não celebra qualquer projeto psicológico), "policêntrico" (pois envolve os mais diversos projetos) e "internacional" (não diz respeito ao eixo anglo-europeu). Além disso, tal história visa a "coerência e racionalidade dos projetos psicológicos em seus próprios contextos históricos" (p. 10). 

Em suma: salta aos olhos que uma história da psicologia já não devesse ser aberta a outros domínios, especialmente filosóficos (digo isso em sentido bastante geral). É claro que o psicólogo retém questões filosóficas em Psicologia. Mas ele não pareceu ter percebido ainda o contrário: o quanto a Psicologia pode ser analisada sob pontos de vista que nada devem à Psicologia.

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Helmholtz e o Alpinismo


Um alpinista que deseja escalar os Alpes: sem conhecer o caminho, ele sobe devagar e com grande esforço, sendo muitas vezes obrigado a retroceder porque vê seu progresso impedido. Ás vezes com ajuda do raciocínio; Às vezes por acaso, ele encontra indícios de uma trilha recém-aberta que o leva um pouco mais longe até que, finalmente, quando atinge seu objetivo, descobre para sua irritação uma esplêndida estrada, pela qual poderia haver subido se tivesse sido inteligente o bastante para encontrar o ponto de partida certo logo no início. Em minhas memórias, naturalmente não dou ao leitor o relato das minhas errâncias, mas sim o caminho batido, pelo qual ele pode chegar ao cume sem problemas. (Helholtz citado por Warren citado por Goodwin 2010, p.90).

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Wilhelm Dilthey: O Surgimento da Hermenêutica (1900)

link: Numen: Revista de estudos e pesquisa da religião v. 2, n. 1 (1999) > Dilthey

Aqui temos uma tradução para o português do famoso texto de Dilthey sobre a história da hermenêutica. Nele Dilthey apresenta o desenvolvimento da arte da interpretação desde a antiguidade, passando pelos estudos religiosos e literários e alcançando os inícios da modernidade. Ele descreve opapel de autores centrais durante este desenvolvimento, mas o acento é colocado em Schleiermacher como uma figura chave na direção da elaboração de uma hermenêutica geral. Embora escrito como descrição de um desenvolvimento histórico, o texto apresenta elementos importantes acerca das idéias de Dilthey a respeito da epistemologia nas ciências humanas. 

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Lev Vygotsky: O Manuscrito de 1929

Importante tradução de A. A. Puzirei, da qual reproduzo o informe:

O final dos anos 20 foi para Lev Semionovich Vigotski um tempo de elaboração intensiva teórica e prática das teses básicas de sua teoria histórico-cultural do psiquismo do homem. Deixou para trás o primeiro qüinqüênio, relativamente tranqüilo e apesar de tudo feliz, de sua vida em Moscou, depois da mudança em 1924 da cidade de Gomel – tempo de sua constituição como psicólogo, de incrível e impetuosa ascensão de sua estrela, quando em poucos anos este homem, ainda muito jovem, de um professor provinciano desconhecido transformou-se em uma das figuras mais notáveis e avançadas da jovem psicologia soviética. Pesquisador com autoridade científica impecável, rodeado de um grupo de jovens discípulos também talentosos, entusiasticamente devotados a ele, pleno de elevada consciência de sua missão no desenvolvimento da ciência, cheio de idéias, projetos e planos, a maior parte dos quais, infelizmente, por causa da sua morte prematura, não estava destinada a realizar-se. Como que pressentindo isso, L. S. Vigotski trabalhou muito e rápido todos estes anos. Da sua pena, um após outro, saíram grandes trabalhos, que constituem hoje o corpo da concepção histórico-cultural e que há muito entrou para os arquivos de ouro da literatura psicológica nacional e mundial. Quase cada um desses foi pouco a pouco preparado por esboços e anotações preliminares, os quais Vigotski fez, na maioria das vezes, "para si", não predestinando-os para publicação. Mas até esta "fala interna" peculiar de Vigotski, por causa da sua capacidade surpreendente de viver e fazer tudo na sua vida logo "às claras", "sem rascunhos", apresenta em si, via de regra, textos autônomos, ligados e às vezes inteiramente acabados. Exatamente assim é o manuscrito publicado em seguida, de 1929, do arquivo de família de Vigotski, o qual foi concedido bondosamente pela filha do cientista – G. L. Vigotskaia. Este trabalho não apenas permite espiar o laboratório criativo do famoso pensador, com clareza ver o processo de cristalização de algumas teses da teoria histórico–cultural, bem conhecidas pelos trabalhos clássicos de L. S. Vigotski do inicio dos anos 30, mas contém também uma série inteira de idéias originais e desenvolvimentos de pensamentos, os quais não tiveram elaboração em trabalhos posteriores. Em relação a isso as anotações publicadas de L. S. Vigotski jogam nova luz em algumas teses fundamentais de sua concepção, apresentando-as de ângulo tal, que as torna extremamente atuais também para a psicologia moderna.
A proximidade de vários temas, formulações e exemplos e, até em determinado grau – também da lógica geral de construção do texto publicado – com o trabalho "História do desenvolvimento das funções psíquicas superiores" (especialmente com o seu segundo capítulo) permite ver o manuscrito dado na qualidade de delineamento preliminar, esboço do trabalho principal de Vigotski – na verdade, mais provavelmente, não daquela sua versão canônica, a qual é conhecida de todos pela sua publicação em 1960 e reimpressão recente no III volume da coletânea das suas obras, mas daquela primeira e curta versão do trabalho, até agora ainda não publicada, que se mantém no arquivo da família do cientista.
Nesta publicação são preservadas as especificidades da sintaxe e todos os destaques do original. A ortografia está de acordo com as normas atuais. As inúmeras abreviaturas foram reconstruídas com a decifração do manuscrito. Todas as adições no texto foram colocadas entre parênteses retos e também todas as notas de rodapé e comentários, se isto não está ressalvado, especialmente as que pertencem ao autor do artigo introdutório. 

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Georges Canguilhem: O Cérebro e o Pensamento (1980)

Tradução da conferência de Canguilhem por Sandra Yedid e Monah Winograd.

Conferência na Sorbonne para o M.U.R.S. (dezembro de 1980); primeira publicação em Prospective et Santé, n. 14, verão de 1980, pp. 81-98.
É certo que cada um de nós se envaidece por ser capaz de pensar, e muitos até gostariam de saber como é possível que pensem como de fato pensam. Ao que tudo indica, entretanto, essa questão já deixou manifestamente de ser puramente teórica, pois parece-nos que um número cada vez maior de poderes estão se interessando em nossa faculdade de pensar. E se, portanto, procuramos saber como é que nós pensamos do modo como o fazemos, é para nos defender contra a incitação sorrateira ou declarada a pensar como querem que pensemos...

Créditos: Natureza Humana 8 (1):183-210 (2006). Link PhilPapers e Scielo.

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Immanuel Kant: Observações sobre o órgão da Alma (1796)

O breve texto de Kant figura sob o espírito das Críticas e próximo da publicação do Conflito das Faculdades e de sua Antropologia Pragmática.

O debate da redução da mente ao cérebro ou sobre a má colocação desse problema terá importantes repercussões no século XIX e XX.

Zelkjo Loparic traduz o texto e também faz um comentário, "de Kant a Freud".

Traduzido das observações de Kant que se encontram nas páginas 81-6 do livro Über das Organ der Seele (Sobre o órgão da alma), de Samuel Th. Sömmering, publicado em Königsberg, em 1796, por Friedrich Nicolovius.

Link da tradução no PhilPapers e no Scielo.

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William James - O Eu Escondido (1890)

Tradução de Marcos de Aguiar Villas-Bôas. Reproduzimos o informe do tradutor:

Toda tradução é uma interpretação e requer ajustes para que se torne compreensível pelo auditório a que se destina. O texto, ao que parece traduzido para o português pela primeira vez, data de 1890 (ver texto original, em: <http://www.unz.org/Pub/Scribners-1890mar-00361?View=PDF>) e o seu autor é um dos maiores gênios dos últimos séculos, o que ressalta a sua relevância.  
O tradutor buscou respeitar muito mais a substância do que a forma, tendo procurado transmitir de modo claro e simples o que o autor parecia querer significar em forma mais rebuscada e com recursos da época, como o uso de parágrafos muito extensos, os quais foram subdivididos a critério do tradutor.
William James, juntamente com Charles Peirce e outros, foi o criador da poderosa corrente filosófica chamada de Pragmatismo (Americano). Diz-se que, pelo fato de Peirce, aquele que deu nome e primeiras bases ao Pragmatismo, ter sido alguém pouco sociável, coube a James a divulgação dessa corrente pelo mundo.
Peirce, James, Oliver Wendell Holmes Jr. e outros foram membros do Clube Metafísico (The Metaphysical Club), um grupo de estudiosos constituído e destitutído por eles em Harvard, no ano de 1872, cujas discussões ajudaram a desenvolver o Pragmatismo. 
James foi o primeiro professor de um curso de Psicologia nos Estados Unidos e é amplamente conhecido como um pioneiro dessa ciência naquele país e, até mesmo, no mundo.
O texto é histórico e genial. James analisa inicialmente a relação entre ciência e misticismo para depois mergulhar num estudo realizado à época por outro pioneiro da Psicologia: o francês Pierre Janet. Pela época em que foi escrito, a sua profundidade em termos de visão acerca do que é ciência, dos seus furos, pontos cegos e de como fazê-la avançar é digna de grande admiração, sendo as ideias atuais ainda hoje, 126 anos depois.

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Kant - Ensaio sobre as doenças da cabeça (1764)

Kant é um autor muito pouco conhecido em Psicologia, embora sua obra dialogue diretamente com a possibilidade e os limites dessa disciplina, seja em âmbito científico ou não.

No Brasil, costuma-se apresentar Kant em Psicologia sob dois horizontes: seus "vetos" à Psicologia (que seriam supostamente "vencidos" por autores como Johannes Müller, Helmholtz e Fechner) e seu "inatismo" em Psicologia do Desenvolvimento, o que acaba se transformando numa confusão de leitura entre condições fisiológicas inatas (portanto, empíricas) e condições a priori do conhecimento, este sim o argumento de Kant.

Mas, como se pode imaginar, há um largo lastro de pensamento que passa ao largo dessas questões. Inclusive, as relações entre a Crítica e as psicologias, da época ou posteriores, são pouco visitadas.

Para os psicólogos, esta tradução é uma espécie de "início de assunto". As questões sobre o senso comum e a loucura atravessam a obra de Kant e, em relação com as Críticas, podem lançar questões ainda não percorridas sobre a Psicologia.

Segue, então, link para a tradução de Pedro Miguel Panarra na Revista Filosófica de Coimbra e no PhilPapers.

Apresentamos a tradução de o  Ensaio sobre as doenças da cabeça  realizada a partir da  1ª  edição  de   Kants  Werke ,  por  Wilhelm  W eischeidel,  Darmstadt,  Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 1983. Band II,  Vorkritische Schriften bis 1768 . Como sucede na tradução dos escritos de Kant que tenham a pretensão de rigor, procedeu-se a uma comparação com o  texto  da  edição  da  Academia  das  Ciências  da  Prússia,   Kants  Gesammelte  Schriften , Berlin, 1912, volume II. Tradução  Edições  70.  O  tradutor  agradece  à  editora  a  autorização  para  esta  publicação.

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Ludwig Binswanger - O Sonho e a Existência (1930)

O célebre texto de Binswanger, que inicia sua Daseinsanalyse, foi publicado pela Natureza Humana em 2002.

Por aqui, ficou conhecido a partir da leitura de Foucault. Na revista onde foi publicado, o artigo de Binswanger foi interpretado à luz de Heidegger.

Mas Binswanger tem também uma trajetória própria, embora com poucos textos ainda traduzidos por aqui. A tradução de Martha Gambini começou a suprir essa lacuna.

Recentemente, Marco Antonio Casanova tem organizado traduções dos Ensaios e Conferências Escolhidas de Binswanger. Sob tal trabalho ele também traduziu Sonho e Existência.

O original em alemão está disponível neste link. Aqui, o link para o PhilPapers, e aqui a página Scielo.

Créditos originais: Traum und Existenz. H. Girsberger & Cie., 1930

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Ivan Pavlov - A ciência natural e o cérebro (1928)

O Brasil tem um velho problema referente às traduções. Trata-se de apresentar ao leitor traduções secundárias, derivadas de outras traduções.

Esse é mais um exemplo disso. O texto de Pavlov, de 1928, é traduzido de outra versão, a abaixo:

Pavlov, I. P. (1928). Natural science and the brain. In I. P. Pavlov & W. H. Gantt (Trans.), Lectures on conditioned reflexes: Twenty-five years of objective study of the higher nervous activity (behaviour) of animals (pp. 120-130). New York, NY, US: Liverwright Publishing Corporation.
http://dx.doi.org/10.1037/11081-010
 
Não sei se é preciso prevenir o leitor de que uma tradução de uma tradução deve ser lida com mais cuidado. De todo modo, somos carentes em traduções de Pavlov, especialmente as diretas do russo. Nesse sentido, o texto abaixo é importante para a recepção brasileira. 

Segue o link no PhilPapers e, igualmente, o link da Revista Brasileira de Ciências da Saúde.
Tenho a honra de submeter à vossa valiosa atenção uma tentativa de investigar a atividade mais complexa de um dos animais superiores: o cão. A seguir, em minha exposição, vou basear-me nos resultados da pesquisa de dez anos em meus laboratórios, onde conto com vários jovens cientistas que estão tentando a sorte neste novo campo de investigação. Esta década de pesquisa, inicialmente obscurecida por dolorosas dúvidas, mas a seguir, com freqüência cada vez maior, encorajada pelo sentimento firme de que nossos esforços não eram em vão, oferece, a meu ver, uma resposta inques- tionável e positiva à questão colocada acima.

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John Watson: A Psicologia como um behaviorista a vê (1913)

Segue tradução em português do clássico de Watson, quase 100 anos após o manifesto original do behaviorismo.

Mesmo com essa tradução, Watson permanece desconhecido no Brasil. 

Os links são do PhilPapers e o link original, no Scielo.

A psicologia como o behaviorista a vê é um ramo experimental puramente objetivo das ciências naturais. Seu objetivo teórico é a previsão e o controle do comportamento. A introspecção não constitui parte essencial de seus métodos, nem o valor científico de seus dados depende da facilidade com que eles podem ser interpretados em termos de consciência. O behaviorista, em seus esforços para conseguir um esquema unitário da resposta animal, não reconhece linha divisória entre homens e animais. O comportamento do homem, com todo o seu refinamento e complexidade, constitui apenas uma parte do esquema total de investigação do behaviorista.
Artigo originalmente publicado em Psychological Review (1913), 20(2), 158-177. Artigo em domínio público. Tradução de Flávio Karpinscki Gerab (Universidade de São Paulo). Luiz Eduardo de Vasconcelos Moreira (Universidade de São Paulo), Mariana Zago Castelli (Universidade de São Paulo), Pedro Eduardo Silva Ambra (Universidade de São Paulo). Tauane Paula Gelim (Universidade de São Paulo) e Marcus Bentes de Carvalho Neto (Universidade Federal do Pará). 

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Linha do Tempo

https://psuchologia.blogspot.com.br/2018/05/linha-do-tempo.html


Abaixo, todos os textos do blog organizados em ordem temporal. A ordem de atualizações não acompanha imediatamente os posts.

Christian Wolff - Psicologia Empírica - Prefácio e Prolegômenos (1732)

Kant - Ensaio sobre as doenças da cabeça (1764)

Immanuel Kant: Observações sobre o órgão da Alma (1796)

William James: O que é uma emoção? (1884)

William James - O Eu Escondido (1890)

William James: O Escopo da Psicologia (Principles of Psychology, chap. 1) (1890)

William James: As emoções (trecho do cap. XXV de Principles of Psychology, 1890)

Wilhelm Wundt: Esboços de Psicologia - Introdução (1896)

Wilhelm Dilthey: O Surgimento da Hermenêutica (1900)

John Watson: A Psicologia como um behaviorista a vê (1913)

Titchener: Brentano e Wundt: Psicologia Empírica e Experimental (1921)

Ivan Pavlov - A ciência natural e o cérebro (1928)

Lev Vygotsky: O Manuscrito de 1929

Ludwig Binswanger - O Sonho e a Existência (1930)

Eugene Minkowski: O tempo vivido (Prólogo, 1933)

Michel Foucault: A Pesquisa Científica e a Psicologia (1957)

Georges Canguilhem: O Cérebro e o Pensamento (1980)

B.F. Skinner - Revista Veja, 15 de junho de 1983

Skinner: A Psicologia pode ser uma ciência da mente? (1990)
 
Bento Prado Jr.: De volta ao século XIX (2004)

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Wilhelm Wundt: Esboços de Psicologia - Introdução (1896)

Em 1896, Wundt publica Grundriss der Psychologie. As circunstâncias dessa publicação são até hoje controversas, pois algum tempo antes Oswald Külpe havia publicado um livro de mesmo título que havia desapontado Wundt, até então considerado seu "mestre".

Para Wundt, Külpe era um verdadeiro "braço direito". Mas as novidades da física, trazidas por figuras como Ernst Mach, tiveram grande impacto em Külpe e diversos outros autores, como Ebbinghaus e Titchener.

Dentre os fatores que tornaram esse texto possível, figuram então uma resposta a Külpe e a exposição do projeto de Wundt pelo próprio Wundt.

A tradução brasileira, nesse sentido, preenche uma lacuna existente por aqui há várias décadas: a ausência de qualquer coisa sobre Wundt.

Essa tradução é da versão em inglês. Traz, então, os mesmos problemas que aquela. Por exemplo, o tradutor perdeu de vista que "ciências da mente" - mind sciences - provém de "ciências do espírito" (geisteswissenschaften), o que liga Wundt a todo o debate alemão sobre a divisão metodológica das ciências e a "querela dos métodos" (Metodenstreit) da época.

Mas, salvo os problemas, é um texto pioneiro para o contexto brasileiro, carente de textos originais e de conhecer história da Psicologia.

Links para o DOI, gratuito no Scielo.

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Michel Foucault: A Pesquisa Científica e a Psicologia (1957)

Curiosamente, esse texto de Michel Foucault, elaborado no início dos anos 1950, demorou para ser traduzido em português.

Ele consta num dos novos volumes da versão brasileira dos Ditos e Escritos, que reúne nada menos do que 10 volumes (a versão francesa de 2001 tem 2).

Previamente, o público tinha disponível a tradução abaixo, de Marcio Miotto, cuja fonte original é o excelente Espaço Michel Foucault.

Link no Philpapers.

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Lorem Ipsum

"All testing, all confirmation and disconfirmation of a hypothesis takes place already within a system. And this system is not a more or less arbitrary and doubtful point of departure for all our arguments; no it belongs to the essence of what we call an argument. The system is not so much the point of departure, as the element in which our arguments have their life."
- Wittgenstein

Lorem Ipsum

"Le poète ne retient pas ce qu’il découvre ; l’ayant transcrit, le perd bientôt. En cela réside sa nouveauté, son infini et son péril"

René Char, La Bibliothèque est en feu (1956)


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